Li-o desalmadamente antes de ser conhecido.
Ninguém o abordava na sessão de autógrafos numa feira do livro, em Lisboa. Falei-lhe, por ser pai da Violante, que andou comigo na Faculdade. Disse-lhe que admirava o seu humor e ele emendou: IRONIA. Isto foi há muitos, muitos anos...
O 1º livro que li de Saramago foi o "Manual de pintura e caligrafia" que o David Mourão Ferreira plagiou mais tarde. (Nunca o David Mourão Ferreira pensou que alguém leria um escritor obscuro, por isso o plagiou. Eu li os dois livros e sei do que falo!!!)
De Saramago digo:
Poucos homens tiveram ousadia e lucidez para pôr em causa o "status quo" intelectual, espiritual, filosófico e sócio-político. Este era um homem com uma serena inquietação, um aprendiz de deus (reparem que escrevo deus com letra pequena. Nada tem a ver com o nosso Deus!!! Atenção, eu não estou a brincar com a fé e crença das gentes como eu!!!). Era um homem intrínseca e infinitamente profundo. Ele conseguia engendrar novas visões de temas serôdios ou já gastos. Ele nunca teve intenção de gozar com as coisas, simplesmente inventava novos olhares profundíssimos sobre essas coisas. É preciso ser-se liberto de preconceitos ou mesmo conceitos, para vislumbrar a grande capacidade que Saramago tinha de revirar tudo e de... dar de novo. Inquietava, sem dúvida. Fazia-nos pensar.
Agora descansa? Não sei. Aquela mente dissipar-se-á inexoravelmente...
18 de Junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
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Cala-se um poeta e nasce uma estrela no céu..
ResponderEliminarPassei para ler e desejar um excelente final de semana,
Boas energias,
Mari
Minha gente, só os "happy few" percebiam Saramago e a esses aceito que falem dele. Irrita-me que se fale mal dele sem conhecer profundamente a sua obra. Ninguém tem a ver com a sua pseudo sobranceria. Falem da sua obra. Não falem dele. Ele foi a única criatura que pegou no "establishment", baralhou-o e deu de novo para que, quem entendesse, pudesse ter outros olhares. É difícil a obra dele. Por isso acho que nem todos o entendem. E esses é melhor lerem Margarida Pinto Correia, para que os seus neurónios não colapsem.
ResponderEliminarMargarida,
ResponderEliminarEncontrei você lá no "A ilha dentro de mim", de nossa amiga Lídia Bulcão e vim atrás, ver quem era essa que dizia tão bem - e dizia-o bem - de Saramago. Pena que o motivo pelo qual a encontro seja tão radical e definitivo, lamentável, enfim.
Eliane F.C.Lima (http://literaturaemvida2.blogspot.com)
Se o dizes é porque é verdde. Vou tentar ler.
ResponderEliminarEliane, Saramago não morreu. Passou de SER VIVENTE para SER ETERNO. A alma dele continua nas suas imensas palavras e, de cada vez, sua leitura será diferente, sempre e inexoravelmente...
ResponderEliminarTens a certeza dessa história do plágio?!
ResponderEliminarJorge, acabei de enviar o seguinte para uma criatura do blog das comunidades que me perguntou o mesmo:
ResponderEliminar"Até que enfim alguém me ouve!!!
O "Manual de Pintura e Caligrafia", de Saramago, é de 1977; "Um Amor Feliz" de David Mourão Ferreira, é de 1986.
Tenho uma dedicatória de Saramago em "Manual de Pintura e Caligrafia" em 1986.
Reconstituindo de memória: Li primeiro "Um Amor Feliz", quando saíu. Quando enfim leio o "Manual..." fiquei estupefacta com as coincidências. A primeira coisa que me veio à cabeça foi Saramago ter plagiado, já que David Mourão Ferreira era super conhecido e Saramago, não. Quando vi as datas, aí percebi o imbróglio.
Agora, enfim, alguém me ouve.
Obrigada"
Mas essa história devia ser sabida!...
ResponderEliminar"Alea jacta est"!
ResponderEliminarMargarida
ResponderEliminarComungo de todas as tuas palavras sobre Saramago. Chorei quando soube da sua morte. convivi muito com ele nas aulas e os alunos, os bons e os que lêem, adoram o Memorial.
Ai, Blimunda, Blimunda!