sexta-feira, 18 de junho de 2010

Hoje, 18 de Junho de 2010, morreu em Lanzarote, JOSÉ SARAMAGO

Li-o desalmadamente antes de ser conhecido.
Ninguém o abordava na sessão de autógrafos numa feira do livro, em Lisboa. Falei-lhe, por ser pai da Violante, que andou comigo na Faculdade. Disse-lhe que admirava o seu humor e ele emendou: IRONIA. Isto foi há muitos, muitos anos...

O 1º livro que li de Saramago foi o "Manual de pintura e caligrafia" que o David Mourão Ferreira plagiou mais tarde. (Nunca o David Mourão Ferreira pensou que alguém leria um escritor obscuro, por isso o plagiou. Eu li os dois livros e sei do que falo!!!)

De Saramago digo:

Poucos homens tiveram ousadia e lucidez para pôr em causa o "status quo" intelectual, espiritual, filosófico e sócio-político. Este era um homem com uma serena inquietação, um aprendiz de deus (reparem que escrevo deus com letra pequena. Nada tem a ver com o nosso Deus!!! Atenção, eu não estou a brincar com a fé e crença das gentes como eu!!!). Era um homem intrínseca e infinitamente profundo. Ele conseguia engendrar novas visões de temas serôdios ou já gastos. Ele nunca teve intenção de gozar com as coisas, simplesmente inventava novos olhares profundíssimos sobre essas coisas. É preciso ser-se liberto de preconceitos ou mesmo conceitos, para vislumbrar a grande capacidade que Saramago tinha de revirar tudo e de... dar de novo. Inquietava, sem dúvida. Fazia-nos pensar.

Agora descansa? Não sei. Aquela mente dissipar-se-á inexoravelmente...

18 de Junho de 2010

10 comentários:

  1. Cala-se um poeta e nasce uma estrela no céu..

    Passei para ler e desejar um excelente final de semana,
    Boas energias,
    Mari

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  2. Minha gente, só os "happy few" percebiam Saramago e a esses aceito que falem dele. Irrita-me que se fale mal dele sem conhecer profundamente a sua obra. Ninguém tem a ver com a sua pseudo sobranceria. Falem da sua obra. Não falem dele. Ele foi a única criatura que pegou no "establishment", baralhou-o e deu de novo para que, quem entendesse, pudesse ter outros olhares. É difícil a obra dele. Por isso acho que nem todos o entendem. E esses é melhor lerem Margarida Pinto Correia, para que os seus neurónios não colapsem.

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  3. Margarida,
    Encontrei você lá no "A ilha dentro de mim", de nossa amiga Lídia Bulcão e vim atrás, ver quem era essa que dizia tão bem - e dizia-o bem - de Saramago. Pena que o motivo pelo qual a encontro seja tão radical e definitivo, lamentável, enfim.
    Eliane F.C.Lima (http://literaturaemvida2.blogspot.com)

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  4. Se o dizes é porque é verdde. Vou tentar ler.

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  5. Eliane, Saramago não morreu. Passou de SER VIVENTE para SER ETERNO. A alma dele continua nas suas imensas palavras e, de cada vez, sua leitura será diferente, sempre e inexoravelmente...

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  6. Tens a certeza dessa história do plágio?!

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  7. Jorge, acabei de enviar o seguinte para uma criatura do blog das comunidades que me perguntou o mesmo:

    "Até que enfim alguém me ouve!!!
    O "Manual de Pintura e Caligrafia", de Saramago, é de 1977; "Um Amor Feliz" de David Mourão Ferreira, é de 1986.
    Tenho uma dedicatória de Saramago em "Manual de Pintura e Caligrafia" em 1986.
    Reconstituindo de memória: Li primeiro "Um Amor Feliz", quando saíu. Quando enfim leio o "Manual..." fiquei estupefacta com as coincidências. A primeira coisa que me veio à cabeça foi Saramago ter plagiado, já que David Mourão Ferreira era super conhecido e Saramago, não. Quando vi as datas, aí percebi o imbróglio.
    Agora, enfim, alguém me ouve.
    Obrigada"

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  8. Margarida

    Comungo de todas as tuas palavras sobre Saramago. Chorei quando soube da sua morte. convivi muito com ele nas aulas e os alunos, os bons e os que lêem, adoram o Memorial.
    Ai, Blimunda, Blimunda!

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