o coração vê depois”
Daniel de Sá

Porque me olhas assim? O teu sorriso magmático, telúrico e enigmático, também morno e redondo, traz a nostalgia dos TEMPOS sem TEMPO.
Porque me olhas assim? Insidiosamente penetras-me, olhas-me por dentro até a minha alma se derramar em ondas de mar branco... Sustém-te!
Porque me olhas assim? ...talvez breve...talvez efémero esse teu olhar... pausado...
Porque me olhas assim? com esse olhar oblíquo, longínquo, e pousado... melancolia eterna?
Porque me olhas assim? Serenamente navegas ao sabor de carreiras de sonhos emoldurados de canseiras...e és tu?
Porque não olhas assim? Já nem olhas, já não vês, apenas desabaste os teus sentidos pelos corredores do universo...e ainda não voltaste!
Já não és tu, que me olhas assim...
Não me olhes assim...
Não me olhes!
Não quero que me olhes assim.
Porque me olhas? Assim...não me olhes
Porque me olhas assim?
Porque me olhas? Assim
Assim, sim!
...olha-me...assim...
...e o TEMPO veio...
...e o TEMPO foi...
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Acordaste-me e mataste-me de manhã cedo, ao raiar do meu desejo e anoiteceste o meu corpo quando te esqueceste de nós.
...porque me olhaste assim?
E a alma resiste?
Margarida de Bem Madruga