O amor é o mais simples e o mais abrangente dos sentimentos. E o mais complexo. Interessa-me como experiência de vida e participação solidária. Interessa-me, em suma, como uma visão que remedeia a apatia e a castração social no mundo em que... vivemos, tão egocêntrico, tão voraz até ao vómito na sua ganância desmedida. Interessa-me também sob o ponto de vista filosófico e artístico. O que por aí anda - o tal romântico -, parece-me cada vez mais um produto da cosmética dos nossos dias, banalizado e sem consistência, do que um sentimento verdadeiro. Ou seja: uma folha de água no vazio ao sabor da corrente. O que é não pode deixar de ser. Noite é noite, dia é dia. O absoluto existe com os seus indissolúveis contornos. O amor não é posse mas cortesia, carinho, tempo, paciência, etc, etc. Quero, para mim e para os outros, algo melhor do que uma palavra. Um amor que viva e renasça entre cinzas e contrariedades. Traço o meu caminho ao encontro do imponderável e do utópico. Que não esteja órfão do coração. E assim procuro o belo entre as ruínas.
Eduardo Bettencourt Pinto